domingo, 2 de abril de 2023

Por Daniela Magalhães

 


Difícil escrever às moscas

Sem chão sem bicho

Na lerdeza intermitente da luz que não se sente bem vinda.

No espelho único a ferida também insistente

De aluno

Mesmo tão esclarecido

Prefere o riso tardio da interação com as moscas

que piora no fim da tarde.

E o vizinho de um porre de ritmo esquecido.

E a vizinha de fogo, perigo dos espaços vazios.

E a mãe que mata os filhos. 13 ao todo.

As crianças cachorros em pedra e seus donos de pedra

Caras certeiras e imóveis.

 

Me faltam tantos óleos quanto a fonte desregrada inundante.

E o ar traz a vontade lá de longe quando o silencio não mais afoga.

Por falta de permissão das moscas.

Nos abandonaram as lagartixas e os rastros

Do invisível vizinho que nada na própria morte.


Ilustração: Cacinho

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