domingo, 1 de maio de 2022

PaviANOS

Por Camilla Silva



1 ano

Chama reacendendo...

Como fogos de artifício num ano que se inicia!

Pra nós ARTEfício...

Magia

Força 

Inspiração 

Amor

Movimento 

Afeto 

Militância 

AMIZADE

Às vezes labaredas 

Às vezes chama

Que chama!

Às vezes o Pavio era Curto 

Tudo isso junto!

 E vira poesia! 

POESIA!

TransformAÇÃO!

1 ano...

Quanta história...

Riso

Choro

Abrigo

Afago

Partida

Pares

E cá estamos parindo novamente essa chama que nunca apagou...

Porque vem da alma!

1 ano...

E só estamos começando!

Século XXI


Por Fabíola Rodrigues


É a mesma seca no sertão

É a mesma sujeira na eleição

Qual foi a verdadeira evolução?


Não há cura...


É a mesma desnutrição

Mesma falta de educação

Ainda a mesma situação


Não há cura...


Nos homens igual ambição

Pelas ruas mais poluição

Ainda não há solução


E não há cura. 

Refugiados do Medo

Por Fabíola Rodrigues



Olha o céu vermelho

A noite de um sonho mal pensado

A grande névoa escura nos envolve

Corpos esfacelados.


Caminho só entre o chão

Que se move com medo

O chão gelado vermelho

A voz pálida cansada

E não sai,

Se arrasta calada.


Segure a mão fria

Do lado um pulso estático

Um olhar de espelho que não será mais quebrado,

A dor do vazio máximo.


Não corra, não há chegada,

Nem prêmio, talvez a vida.

Sua mente agora carrega

Não lembranças, mais feridas

Que não poderão ser curadas.

Receita à brasileira

Por Fabíola Rodrigues


Doce petrificação da humanidade

Estabilidade em calda,

E a todos agrada

E traz felicidade.


Que Paladar estranho

Tem o povo brasileiro!

Perdeu olhar faceiro,

Dá a cara a tapa

Para ser hospitaleiro.


Que prova amarga

Para nossa juventude!

Barulho por nada

E em tudo quietude.


A que ponto nós chegamos,

Para ser dessa forma Enrolados,

E de falsas esperanças salpicados?


Em compota ou em fôrma nos informa untados de hipocrisia.

Nesta década pré-aquecida de melancolia.

Voa longo, Pavio Curto!

Por Alvaro Britto



“O pensamento parece uma coisa à toa 

Mas como a gente voa quando começa a pensar”

Lupicínio Rodrigues



31 de março ou 1º de abril?  Triste memória da história do Brasil

Para o Pavio Curto, protesto mas também um dia de recomeço

Mas ele não renasceu das cinzas

20 anos depois, a chama do Pavio nunca se apagou 


Deixou lembranças que permaneceram acesas

Dom Waldir em entrevista explosiva, quem esquece?

Henfil, nosso primeiro patrono, detonando geral

E sempre que havia uma centelha de esperança, eles tentaram alimentá-la

Clovis, Cristóvão, Cacinho, Alvaro...


No início de 2021, o reencontro: a chama continua acesa e forte! 

O Brasil vivendo um momento de escuridão

Precisamos incendiar essa realidade e trazer de volta a luz da esperança

Novas fagulhas nos iluminam o caminho

Abdias, Juruna, Chico Mendes, Irmã Dorothy, Margarida Alves, Marielle, Olga, Zuzu...

E Paulo Freire, às vésperas do seu aniversário de cem anos


Mídias e plataformas digitais, reuniões virtuais, redes sociais...

Novas ferramentas mas usadas sempre pra detonar o capitalismo

O Pavio quer incendiar o planeta de vida, amor, justiça, liberdade e diversidade...


Diversidade!! Era preciso trazê-la para dentro desse incêndio coletivo 

Novas pautas, temáticas, conteúdos...mas faltava quem detonasse

Novas acendedoras logo botaram fogo no parquinho

Feminismos, luta antirracista, defesa dos povos indígenas, combate à LGBTfobia...

Tudo sempre iluminado pela construção coletiva e protagonismo dos oprimidos e explorados


Abril de 2022: um ano depois do recomeço

Novas acendedoras, novos projetos, sonhos renovados

Pandemia e inominável partindo...essa a nossa esperança e luta


Houve momentos em que a luz pareceu perder brilho, a chama ameaçou apagar, o detonador falhou...

Mas a centelha do Pavio permanece acesa nos nossos corações e sonhos

E “a gente voa quando começa a pensar” e iluminar novos caminhos!

E continuamos detonando!

Vida longa ao Pavio Curto!!


Ilustração: Cacinho

Outono e o vento

Por Ju kerexu


Somos ventos que rasgam os dias e trazem as falas em silêncio do outono...

Ventos vão aonde precisa, buscando cada fresta, cada queda de penhasco para ganhar mais velocidade...

Eles vêm com mais profundidade nos tempos que muito se tem a dizer...

No outono tudo perde sua cor, tudo se ganha cor, depende do ponto de vista de cada olhar...

Ah olhares, e como se pudéssemos buscar e buscar sem sair do lugar, "mas, está ali" - dizia minha mãe, - "olhe com o olhar da alma para enxergar o que está ali..."

Oh meu querido vento, o senhor que tudo sente e tudo vê, à distância ou de perto, queria ser tu! - dizia eu, quando sentindo em minha face sua chegada...

Sentar numa pedra e fechar os olhos, e dar boas-vindas ao vento que dá o frescor da senhora sábia que é o outono, sábia, pois ela é o momento que as árvores esperam para saber a hora certa para deixar cair suas filhas...

Suas amadas folhas, mesmo amando-as, as deixa cair, se deixa ser acariciada pela senhora sábia, assim sabe que o tempo é quem cura, o tempo vai dar de novo as folhas novas no lugar daquelas que se foram, e assim continuar sua vida, que é nascer, crescer, florescer e dar frutos....

Fincar com mais força suas raízes no chão sagrado, pois sabe que são os ventos que vêm trazendo a senhora sábia e forte...

Finque com força suas raízes neste chão, não deixe o medo de soltar suas folhas secas lhe deixar de sentir os ventos das mudanças passar...

Deixemos o vento entrar em nossas frestas para acalentar, para soprar nossos corações e refrescar nossa alma...

Deixemos a sabedoria do tempo nos ascender, soprar, levar..., nos dizer o que ela tem a nos contar sobre nós...

Descalça, sentada, numa pedra, deixo que a senhora sábia me diga em silêncio sobre meu existir nesta imensa jornada, que é o saber soltar, saber deixar que as feridas cicatrizem com o sopro do tempo...

Deixem vir, deixem ir, deixem transpassar, deixem chegar, não deixem nunca de se deixar curar...

Olhares, abraços em silêncio

De Ju kerexu


Me salva uma conversa...

Um papo sem pensar em nada, apenas risos...

Risos salvam meu dia...

Amor próprio me mantém erguida, amor pela vida me abraça com mais força quando escuto o silêncio...

O silêncio me diz o quanto sou forte, o silêncio me ensina a amar a mim mesma...

Os dias de sol me vêm e ensinam o quanto é lindo e a essência do ser mulher, e raios de Sol se espalham através do olhar radiante que carrego nas profundezas da minha alma, o acalento do amor a existir em mim...

Existência salve, salva, saúda o amor..., por existir na esperança do amor...

Olhares, abraços, colo, sorrisos, salva, salve, saúda o amor ao ser forte, ser mulher, mulheres, amor infinito do poder de amar mais que a si mesma...

Olhe, procure, busque, saúde a vida, salve, salva com amor...

Acolhida, acorde, acolher, aconcheguei, acolha...

Saudar a vida, salve, salva de palmas à vida...

Saudades, saúde, sair, sal do mar...

Saudades de simplesmente rir, saúde física, especialmente mental nesses dias de profunda escuridão, sair para observar o vento que traz o outono com sua brisa leve e fria, que me traz arrepios bons, sal do mar para renovar minha esperança, para salgar meus pensamentos que andam meio sem sal...

Saltar para o outro lado do rio, salve seu caboclo, saudar oh senhor Sol, salve meus ancestrais, salve minha mãe, saúdo minhas mães, salve mulheres!!

Busque paz no caos, ame mesmo que digam que não exista mais amor, tenha esperança mesmo que o mundo diga o contrário...

Seja paz, seja amor, seja esperança, seja sempre você, se olhe, se acolha, se ame...

Olhares, abraços, abraços em silêncio me mostra o amor, esperança que ali existe, a existência no existir a vida...